Três presos receberam os sacramentos de iniciação cristã, batismo, eucaristia e crisma em Campo Grande (MS), no dia 10 de junho, no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, conhecido como Máxima de Campo Grande (MS).

A missa foi celebrada pelo padre Manoel Aparecido Dias Pereira, pároco de São Leopoldo Mandic, depois de dois anos de preparação catequética oferecida semanalmente pelos agentes da Pastoral da Carcerária de Jesus, da arquidiocese de Campo Grande (MS).

“A missão essencial da Igreja é ajudar os presos a se libertarem das cadeias do pecado”, disse Said Brandão Sayd, agente e coordenador da pastoral, à ACI Digital.

O agente da pastoral lamentou que existe “um pensamento de alguns setores da nossa Igreja, que julgo equivocado, que diz que nas prisões o objetivo não é a conversão das pessoas, pois quem converte é Deus”.

Para ele, a Pastoral Carcerária precisa ter uma “abordagem radical” e a “ajuda de Deus”, pois “a questão não é saber que é Deus que nos salva, mas sim como Ele nos salva”. Citando são Francisco de Sales, ele disse que Deus salva através da oração e dos sacramentos.

Said contou que os três homens estão presos por terem se envolvido com o tráfico de drogas. “Um é solteiro e já tinha uma caminhada na Igreja, mas se desviou e tem consciência de sua queda”, contou Said. “Outro é casado e era batizado em uma Igreja evangélica e abraçou a fé católica e está se preparando para receber o sacramento do matrimônio. O outro é solteiro e tem filhos já adultos e viu a importância de recuperar o respeito dos filhos”.

Nos três casos, continuou Said, “além da leitura da bíblia e da reza do terço eles leem livros de evangelização de uma pequena biblioteca de livros católicos que temos nos Pavilhões”.

O desejo de receber os sacramentos foi crescendo neles “a cada dia nas visitas e nas missas que são realizadas com frequência”, disse.

“Todos dizem que estão muito felizes nessa caminhada na amizade com Jesus, apesar das circunstâncias do momento que estão vivendo. Vê-se nitidamente uma alegria da fé, a da esperança de que a partir de agora tudo pode ser diferente”, continuou.

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

“A sociedade, com a ajuda da Igreja, tem feito todo o esforço em ajudá-los na dignidade humana, mas muitas vezes ignora completamente as necessidades de nossa vida espiritual”, disse Said.

Para ele, “a conversão é um processo que precisa ser iniciado ainda na prisão”, pois “aqueles que decidem mudar quando sair, normalmente voltam para cá”.

A Pastoral Carcerária da arquidiocese atualmente dá catequeses em oito dos 11 presídios instalados em Campo Grande, com uma população carcerária de cerca de 10 mil presos nos diversos regimes.

A primeira abordagem é fazer um censo para saber quem tem os sacramentos e depois se faz o convite para a participação da catequese que dura um ano, de Páscoa a Páscoa, com encontros semanais em uma sala de aula nos presídios.

 “Os detentos começam a catequese com muita desconfiança, pois o presídio é um ambiente de pouca fé”, disse Said. “Com a perseverança da vida de oração, leitura da bíblia e reza do terço, e com os sacramentos frequentes” é muito comum que eles experimentem a “mão de Deus” em suas vidas.

Said contou que o que é mais impactante no seu trabalho é perceber que “Jesus não desiste de ninguém”, assim como “Ele não desistiu de mim também”.

“Somos ágeis em apontar os ciscos nos olhos dos outros e temos dificuldade de olharmos para a trava que estão em nossos olhos”, continuou.

“O presídio é o território predominantemente pagão, seja pela ignorância ou pela fé muito distorcida. A Igreja de Cristo tem a obrigação de levar a fé não importa onde”, disse Said.

“A catequese para nós é uma excelente oportunidade de dar testemunho da nossa fé. Aqui o compromisso e o sacrifício andam de mãos dadas e são um excelente caminho de santidade para nossos Agentes”.